A TENDÊNCIA AMPLIADA EM CORRER RISCOS, DURANTE A ADOLESCÊNCIA, PROVAVELMENTE É UM IMPULSO BIOLÓGICO E POSSIVELMENTE INEVITÁVEL, DE ACORDO COM UM ESPECIALISTA DA UNIVERSIDADE TEMPLE
Enquanto o governo gasta bilhões de dólares em programas de educação e prevenção para persuadir adolescentes a não fazer coisas tais como fumar, beber ou se drogar, um psicólogo da Universidade Temple sugere que dois sistemas, dentro do cérebro dos adolescentes, que competem entre si, tornam os adolescentes mais suscetíveis a se engajar em comportamentos de risco e perigosos, e que as intervenções meramente educativas provavelmente não são eficazes.
Laurence Steinberg, da Universidade de Temple, delineia seus argumentos no artigo"Assumindo Riscos na Adolescência: Novas Perspectivas das Ciências Cerebrais e Comportamentais", na edição de abril da revista, Current Directions in Psychological Science.
Laurence Steinberg |
Photo by Joseph V. Labolito/Temple University |
"Embora provavelmente não seja justo afirmar que nenhum dos programas que desenvolvemos tenha funcionado, a maior parte dos esforços para persuadir as crianças a não usar drogas ou álcool, para praticar sexo seguro, ou para dirigir com mais segurança, não foram eficazes", diz Steinberg, Diretor da Rede de Pesquisa sobre Desenvolvimento de Adolescentes e Justiça Juvenil da Fundação John D. e Catherine T. MacArthur. "Existe um programa aqui ou acolá que funciona, mas, na maioria dos casos, gastamos bilhões de dólares em iniciativas que não tiveram muito impacto".
Steiberg diz que, nos últimos dez anos, houve uma grande quantidade de novas pesquisas no desenvolvimento do cérebro dos adolescentes que, acredita ele, lança alguma luz sobre os motivos porque os adolescentes se engajam em comportamentos arriscados ou perigosos, e porque os programas educacionais ou intervenções que foram desenvolvidos, não foram especialmente eficazes.
De acordo com Steinberg, correr riscos na adolescência é o resultado de uma competição entre dois sistemas cerebrais muito diferentes, as redes socioemocional e de controle cognitivo, que sofrem um processo de amadurecimento durante a adolescência, mas com cronogramas muito diferentes. Durante a adolescência, o sistema socioemocional se torna mais assertivo durante a puberdade, enquanto o sistema de controle cognitivo somente ganha força gradualmente e após um longo período.
O sistema socioemocional, que processa informações sociais e emocionais, se torna muito ativo durante a puberdade, permitindo que os adolescentes se empolguem mais facilmente e experimentem emoções mais intensas. e se tornem mais suscetíveis à influência social.
No artigo, Steinberg diz que a rede socioemocional não fica em um estado de permanente excitação durante a adolescência. Quando a rede socioemocional não está excitada — por exemplo quando os indivíduos não estão emocionalmente excitados ou estão sozinhos — a rede de controle cognitivo fica forte o suficiente para impor um controle regulador sobre comportamentos impulsivos ou arriscados, mesmo no início da adolescência.
Na presença de seus pares, entretanto, ou em situações de alta carga emocional, a rede socioemocional se torna suficientemente ativa para diminuir a eficácia regulatória da rede de controle cognitivo.
"A presença de pares aumenta substancialmente o comportamento de risco entre os adolescentes", escreve Steinberg em seu artigo. "Em um de nossos estudos em laboratório, por exemplo, a presença de pares mais do que dobrou o número de riscos assumidos por adolescentes em um videogame de direção de veículos. A adolescência não só é mais alegre — é, também, mais cheia de riscos".
"Existe uma janela de vulnerabilidade nas idades entre a puberdade e do meio para o fim da adolescência, na qual as crianças já começaram a sentir o aumento da influência do sistema socioemocional, mas ainda não têm um sistema de controle cognitivo totalmente amadurecido", diz ele. "Porque seu sistema de controle cognitivo ainda não está totalmente maduro, ele é mais facilmente corrompido, especialmente quando o sistema socioemocional fica particularmente excitado. E ele se torna excitado pela presença de outras pessoas".
Steiberg advoga leis e políticas mais rígidas que limitem as oportunidades para julgamentos imaturos que, frequentemente, têm conseqüências danosas. Por exemplo, estratégias tais como aumentar o preço dos cigarros, leis mais rígidas sobre a venda de bebidas alcoólicas, a expansão do acesso pelos adolescentes a serviços de saúde mental e contacepção, ou o aumento da idade para habilitação de motoristas, provavelmente seriam mais eficazes do que campanhas educativas para limitar o uso de cigarros, uso de drogas, gravidez e acidentes automobilísticos.
"Eu não quero que as pessoas pensem que as campanhas educativas não devem continuar", diz ele. "Eu apenas penso que elas apenas não vão fazer muita diferença na contenção e comportamentos de risco. Algumas coisas levam tempo para se desnvolver e, gostem ou não, o julgamento amadurecido é, provavelmente, uma delas".
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Traduzido, via EurekAlert, do site da Universidade Temple, nesta página.
Resumindo: o bom doutor Steinberg conclui que os hormônios crescem mais rapidamente do que o discernimento. Pois eu vou me permitir discordar desse eminente cientista, principalmente no tocante às políticas sugeridas.
Eu sugiro, por exemplo, que a mídia e o comércio sejam proibidos de explorar os estímulos ao "sistema socioemocional" dos adolescentes, para induzí-los ao consumo, à rebeldia e à preocupação em "ser diferente dos pais". Sugiro, também, que todo o sistema de ensino seja inteiramente reformulado, para acabar com a idéia: "estudar é chato; brincar é divertido". Que os autores de peças teatrais, filmes, novelas e quejandos parem de exaltar, velada ou abertamente, comportamentos anti-sociais, a pretexto de "liberdade de expressão para retratar fielmente as mazelas da sociedade"; e se vocês estão pensando que eu estou advogando a volta da velha "censura", estão certíssimos: como diz o bom doutor, adolescentes não têm discernimento para entender que o comportamento anti-social do personagem da novela é condenável, não um fato comum.
Mas duvido que isto aconteça... As mesmas autoridades que acham que um garoto de 16 anos tem o direito de eleger representantes no governo, acham que este "menor" não pode ser julgado por um crime bárbaro como um adulto...
Se você flagrar seus filhos "queimando fumo" e enfiar a porrada neles, pode ser preso... Eles são apenas "usuários" e vão receber uma branda "medida sócio-educativa"...
Mas qualquer merda de Juiz de Menores tem poderes ilimitados para usurpar seu pátrio-poder e proibir seus filhos de fazerem algo que você permite...
Chamam a moral "pequeno-burguesa" de "hipócrita". Que seja... Mas o que se está vendo por aí, não me parece uma grande melhoria quanto à moral "hipócrita" que vigia quando eu era adolescente.
Atualização em 14 de abril de 2007. Notícia do "The Guardian" diz que o programa inglês de combate ao uso de drogas por meio de campanhas educativas "é um fracasso".
2 comentários:
João,
Estou te aplaudindo de pé: Sinta-se devidamente ovacionado!!!
Um grande e forte abraço, []'s!
Idem o Daniel.
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