26 maio 2006

Physics News Update n° 778


PHYSICS NEWS UPDATE
O Boletim de Notícias da Física do Instituto Americano de Física, número 778, de 26 de maio de 2006 por Phillip F. Schewe, Ben Stein, e Davide Castelvecchi

PHYSICS NEWS UPDATE

O ALEIJADO SISTEMA SOLAR. Tendo viajado muito além dos planetas em sua viagem de 28 anos e meio, as duas espaçonaves Voyager vêm fornecendo novas informações sobre a Heliosfera, a bolha em forma de légrima que separa o sistema solar do espaço interestelar. Na Assembléia Conjunta, nesta semana em Baltimore, da União Geofísica Americana (American Geophysical Union – AGU), Ed Stone da Caltech relatou que a heliosfera é deformada, de acordo com as observações das Voyager, com a borda arredondada da lágrima protuberante no topo (o hemisfério Norte do Sistema Solar) e achatado no fundo (o hemisféio Sul). (Figuras e filmes aqui). Como explicou Rob Decker do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, a assimetria se deve a um campo magnético oriundo do espaço interestelar que pressiona o hemisfério Sul. O campo tem a intensidade de cerca de 1/100.000 do campo da Terra, mas seu efeito pode ser sentido por bilhões de milhas, uma vez que atua em uma grande área sobre o gás extremamente diluído nas bordas do Sistema Solar. O campo interestelar achata até uma importante zona esférica dentro da heliosfera, chamada o choque de terminação. De forma análoga ao círculo que se forma quando a água se despeja sobre uma pia, o choque de terminação representa a fronteira na qual o veloz vento solar (a corrente de gás carregado emitido pelo Sol) freia abruptamente e se acumula. As medições da Voyager 2 indicam que a parte Sul da esfera de terminação podem estar um bilhão de milhas mais próxima do Sol do que a parte Norte. Além disso, as forças dos ventos solares fazem com que o choque de terminação "inspire e expire" em cerca de cada doze anos. A Voyager 1 já passou além do choque de terminação, para o heliofólio, a região onde o vento solar e os gases interestelares se misturam. Assim, de certa forma, o final do Sistema Solar não é claramente definido. Stone estima que podem se passar outros 10 anos (3 a 4 bilhões de milhas) antes que as duas astronaves passem pela heliopausa (a fronteira mais externa da heliosfera) e entrem no espaço puramente interestelar. As espaçonaves ainda têm energia disponível para cerca de mais 15 anos. (Sessão SH02 na Assembléia; ver http://www.agu.org/meetings/ja06/?content=search)

Nota do tradutor: eu não estou bem certo dos termos técnicos de astronomia/astrofísica usados em português para "heliosphere", "termination shock", etc. Para facilitar a visualização dessas zonas, eu sugiro uma vista à figura da WikiPedia (em inglês) associada à página "Heliosphere".

CONTANDO FÓTONS DA FAIXA DOS TERAHERTZ. Cientistas da Universidade de Tokyo e da Corporação de Ciência e Tecnologia do Japão conseguiram detectar fótons isolados na região de terahertz do espectro eletromagnético, pela primeira vez. Até agora, esses fótons, com energias de cerca de 4 mili-elétron-volts, não podiam ser observados individualmente. A radiação da faixa de THz, essencialmente no infravermelho longo, é, potencialmente, uma importante portadora para telecomunicações. Pode-se realizar não só a detecção, como também microscopia nas faixas ultra-baixas de THz. Por meio da varredura com um feixe de ponto quântico (altamente sensível à luz da faixa do THz) na superfície de uma amostra, pode-se capturar uma imagem da amostra com uma resolução de 50 microns (a própria radiação tem um comprimentode onda de 132 mícrons). Isto é ainda mais notável quando se considera que a potência emitida a partir da superfície explorada fica no nível de 10-19 Watts (0,1 attowatt). A atual microscopia de contagem de fótons consegue um vislumbre de uns poucos elétrons de cada vez, oscilando nas freqüências de THz em dispositivos semicondutores em fortes campor magnéticos. De acordo com Kenji Ikushima, a extraordinariamente alta sensibilidade da técnica de contagem de fótons em breve vai facilitar o estudo do "rock & roll" ("shaking, rattling and rolling") de umas poucas moléculas de cada vez, vibrando nas freqüências de THz em dispositivos semicondutores em fortes campos magnéticos. (Ikushima et al., Applied Physics Letters, 10 de abril de 2006; www.dbs.c.u-tokyo.acjp/~komiyama )


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PHYSICS NEWS UPDATE é um resumo de notícias sobre física que aparecem em convenções de física, publicações de física e outras fontes de notícias. É fornecida de graça, como um meio de disseminar informações acerca da física e dos físicos. Por isso, sinta-se à vontade para publicá-la, se quiser, onde outros possam ler, desde que conceda o crédito ao AIP (American Institute of Physics = Instituto Americano de Física). O boletim Physics News Update é publicado, mais ou menos, uma vez por semana.

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Como divulgado no numero anterior, este boletim é traduzido por um curioso, com um domínio apenas razoável de inglês e menos ainda de física. Correções são bem-vindas.

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