04 abril 2007

Aquecimento Global



O que mais tem me deixado perplexo quanto à questão do Aquecimento Global é o amadorismo com que o assunto tem sido tratado. Talvez as previsões mais alarmistas sejam apenas isso: alarmismo. Mas minha formação de militar me ensinou que devemos sempre raciocinar com base na previsão de que a pior hipótese se concretize e que as providências devem ser tomadas para encarar as conseqüências mais graves.

O fato indiscutível é que a Terra está passando por um período de elevação das temperaturas médias e, seja qual for o motivo pelo qual isto acontece, a probabilidade da ocorrência de um Efeito Estufa e uma conseqüente Era Glacial são cada vez mais iminentes.

Como um bando de galinhas tontas, cujo galinheiro foi invadido por uma raposa, as pessoas, as organizações e os governos estão muito mais preocupados em lançar as culpas sobre quem deixou a raposa entrar, do que em por a raposa para fora.

O fato - como o Daniel frisou muito bem em seu artigo - é que ninguém utilizou, ainda, as ferramentas já existentes para a criação de modelos que envolvem sistemas estocásticos. Então, o fato que eu julgo mais alarmante, não é se a principal causa é um processo natural, se são as emissões de CO2 dos países do "primeiro mundo", ou os peidos das vacas. É que ninguém sabe, com uma razoável certeza, o que e quando vai acontecer!

Está cada vez mais difícil fazer pé com cabeça do noticiário sobre o assunto. Vejamos, por exemplo, um período pinçado de uma notícia do New York Times sobre o assunto.


«Os Estados Unidos, onde a agricultura representa apenas 4 por cento da economia, pode suportar com muito mais facilidade uma mudança climática hostil do que um país como o Malawi, onde 90 por cento da população vive em áreas rurais e cerca de 40 por cento da economia é baseada em agricultura dependente de chuvas.»

Não é sensacional?... O problema todo reside na dependência do país em uma agricultura rudimentar... É bem o caso de perguntar ao idiota que perpetrou este artigo de onde os EUA pretendem obter alimentos, caso as mudanças climáticas continuem acelerando? De onde vai chegar o dinheiro que movimenta Wall Street? A que países congelados ou desertificados os EUA pretendem continuar vendendo o software que movimenta a NASDAC?

No artigo (bem antigo) "Sabe qual é o problema com os imbecís?" (11 de outubro de 2005), eu comento sobre uma notícia do mesmo New York Times onde um babaca expunha as vantagens do derretimento da Calota Polar Norte. Essa miopia gananciosa é, em minha opinião, o maior dos óbices a uma mobilização dos recursos de modelagem cibernética das quais o Daniel fala. E se os modelos realmente demonstrarem que a situação é muito pior do que se pensa e que os EUA vão ter que abdicar de seus carrões devoradores de gasolina?... E se os modelos mostrarem que a China vai ter que meter o pé no freio nessa onda de "desenvolvimento"?...

No Malawi, as pessoas vão passar de uma condição de extrema pobreza para pobreza total... Bom... As coisas não andam muito melhor na Somália... Mas, na hora em que o nível dos Oceanos subir (e o fato é que ninguém sabe o quanto vai subir e com que rapidez), os efeitos do Katrina em Nova Orleans vão se multiplicar exponencialmente. Se Bangladesh sumir do mapa, vai ser uma tragédia, mas a maldita "economia globalizada" vai sofrer pouco. Na hora em que os Portos de Haia, Singapura, e todos os dos EUA ficarem debaixo d'água, a coisa vai ser bem diferente...

Está mais do que na hora de parar de fingir que o problema não existe, e fazer um estudo sério, sem histerias "conservacionistas", nem desdém "conservador". E parar de procurar "culpados" (enforcá-los em praça pública não resolve coisa alguma) e procurar soluções para salvar o que for possível.

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