01 julho 2005

Reaprendendo a ensinar

Salve, Pessoal!

Finalmente apareceu uma matéria interessante e que não tem nada a ver com essa porcariada toda que tem aparecido nos jornais. O Daniel (link para o BLOG dele aí do lado) publicou um link para uma matéria da Nature, intitulada Educational Research: Big Plans for Little Brains (que, traduzido, dá algo como: "Pesquisa Educacional: Grandes Planos para Pequenos Cérebros").

Eu li, meio que en passant a matéria, mas a "grande novidade" parece ser que os neurocientistas estão estudando, a fundo, os processos pelos quais os cérebros aquirem conhecimentos, principalmente nas mais tenras idades, com o fito de aprimorar os processos de ensino.

Eu, do alto de minhas tamancas de auto-didata metido à besta, digo que não é nem perto de ser o bastante. Certamente, se você compreende como o cérebro "grava" as informações recebidas e como as "recupera", quando necessário, você vai ter meios de criar "FAT" cerebrais muito mais eficientes. E daí?

O que eu não vi, até agora, foi nenhum educador se questionar sobre o que se deve ensinar às pessoas. Não estou falando de "conteúdo programático". Eu estou falando de raciocínio.

Não interessa se você vai ensinar aritmética na base 10, ou 16. O que importa é que a criança saiba o que está fazendo com as operações aritméticas. E é exatamente isso que a maior parte das pessoas não sabe. Não importa em que língua você vai alfabetizar a criança. O que importa é que ela seja capaz de expressar suas idéias e compreender as idéias alheias. Em resumo, o importante é ensinar às crianças a pensar com suas próprias cabeças!

E todo o sistema de ensino mundial (pelo menos que eu conheça) se baseia exatamente no oposto! "Decore o que o professor diz, porque ele sabe mais do que você!" Te enchem de "peixes", mas não te ensinam a "pescar"! Atocham uma porção de informações em seu crânio e esperam que você regurgite essas informações quando instado. Para que servem essas informações? Não ouse questionar! E, se você for capaz de regurgitar cerca de 50% das informações que lhe foram administradas goela abaixo, muito bem! Você está apto a receber outra dose desse "óleo de rícino" informacional. Ao fim e ao cabo, vamos ter, por exemplo, um Médico que aprendeu cerca de metade do que lhe foi ensinado na Faculdade de Medicina (não é um caso fictício, não! Eu ajudei um Médico a preparar seu Curriculum Vitæ e vi o histórico escolar do cara: a maior nota dele foi 6...)

Depois, causa espécie em todos quando mais da metade dos "Bacharéis em Direito" formados no Brasil não conseguem passar no exame da Ordem dos Advogados do Brasil. Se fosse o Conselho Federal de Medicina que fizesse um exame desses, eu aposto que o resultado ia ser ainda pior!

Tudo porque, quando se está na pré-escola ou na alfabetização, não ensinam os alunos a pensar. Todo o conhecimento é entregue com base na "autoridade de quem sabe mais". Mariazinha escreveu "cachorro" no lugar de "casa"? Nota zero nela. Juquinha escreveu "caza" em lugar de "casa"? Nota zero nêle, também. O importante não é só saber do que se está falando: é a forma!

Eu nem vou entrar no mérito do que se ensina como História, Geografia e Ciências, porque isso seria assunto para algo da ordem de 6,25 × 10 artigos...

E, é claro, as crianças, cada vez mais desestimuladas de "aprender" coisas "sem sentido", vão preferir brincar, "matar aula", ou a fazer qualquer outra coisa mais prazeirosa do que ouvir o "blá, blá, blá" recitado por pessoas que, muitas vezes, nem deviam estar onde estão. (Também não é caso fictício. Eu tive alguns entreveros com uma Professora de História [que arrotava ter "30 anos de magistério"] que tinha absoluta incapacidade de se expresar em português. Dois exemplos: uma questão, tipo "Palavras Cruzadas", tinha como conceito "País fundador do Pacto de Varsóvia", com 7 letras, terminada com "A"; cabem duas respostas: HungriA e RomêniA; quem respondeu Hungria, ela deu "errado" porque queria Romênia... outra questão, tipo complete a frase: "Os Estados Unidos usaram a Bomba Atômica em _____" (o grifo é meu); minha filha respondeu "Hiroshima e Nagasaki" — resposta errada! Ela queria "Japão"... 30 anos ensinando isso!)

Então, para finalizar, eu declaro: aprender os processos cognitivos do cérebro é uma coisa útil, na medida em que se ensine as pessoas a pensar. Caso contrário, você só está passando um "Doublespace" no seu HD, para caber mais lixo...

Um comentário:

Anônimo disse...

Salveeeee!!!
Até que enfim passei por aqui não é?... Bom, devo dizer que concordo com você em tudo o que escreveu!!!... (Aliás, tem sido assim né... tirando o fato da "emotividade", concordo com tudo... mas ainda não sei porque!!...rs)... Enfim... depois de alguns testes de QI e uma faculdade de Direito, acho que aprendi a pensar MELHOR do que eu pensava antes da faculdade... as pessoas diziam que eu não tinha "lógica" nos meus raciocínios... E, hoje em dia, vejo que penso muito mais coisas do que expresso e que minha "falta de lógica" decorre de eu "pular" partes dos meus raciocínios por achar que as pessoas estão me entendendo... mas nem todo mundo entende... e no fim, acabo achando que é "todo mundo burro"...rs... Só sei que somente depois de engravidar fui me "preocupar" em melhorar como pessoa, nos aspectos psicológico, emocional, espiritual e pouca coisa no racional... mas este acaba sendo consequência dos demais no meu caso, tendo em vista que o meu lado "racional" funciona mais que os outros... No fim de tudo, eu vejo que se tivesse "aprendido a pensar" (o que é diferente de "entender" no que tange à educação formal das escolas), eu teria conseguido apreender muito mais informações de física, química, biologia, história e literatura... ao invés de me preocupar somente com geografica política, gramática, redação e educação moral e cívica... E pra você ver, eu era PÉSSIMA em ética quando saí da faculdade... porque a ética escrita no Estatuto da OAB é muito surrealista... não expressa um pingo da realidade que vivem os advogados e a população brasileira... mas tudo bem... passei no exame da OAB de cara...rs... (e hoje não faço nada com a minha carteira de advogada a não ser pagar a OAB e a Associação dos Advs. de SP...rs)...
(Acho que to escrevendo demais...rs)...
E as mensagens ditas "subliminares"???... Essas ensinam a pensar, no meu entender... afinal, são elas que os cérebros em funcionamento captam... rs... Ia ser mais fácil ensinar as crianças pela "intenção" do que pelos fatos em si... Mostrar o ponto de partida (vontade), o caminho (ação) e os resultados... Seja nas ciências exatas ou biológicas... porque nas ciências humanas a lógica de um é quase sempre diferente da lógica do outro por causa da bendita "subjetividade"... e vou calar minha boca por aqui antes que seu espaço pra comentários vire outro post meu!!!....
Beijos