29 julho 2005

Voltando ao tema "Educação"

Salve, Pessoal!

Vou voltar a bater em uma tecla que, coitadinha, já quase nem soa mais. A importância da educação para o Brasil deixar de ser o eterno Subdesenvolvido.

O que me motivou a escrever foram dois links que o Daniel colocou no BLOG dele (o link está aí do lado, mas eu vou dar os atalhos: Educação, cidadania e soberania nacional, artigo de Raimundo Braz Filho e Lula sanciona criação da Universidade Federal do Grande ABC

No primeiro, o articulista se lança em uma apaixonada defesa da Universidade Pública, observando, em determinado momento:
Reafirmando o que disse em outra ocasião, julgo oportuno destacar três questões importantes que devem preocupar e mobilizar todo o povo brasileiro, porque dizem respeito à garantia do progresso da ciência como fator de desenvolvimento social e de defesa da soberania do país:

a) democratização da educação através da melhoria, manutenção e ampliação do ensino público e gratuito em todos os níveis;

b) defesa dos recursos do patrimônio público que nos restam em face da síndrome de privatização que se desencadeou no país, principalmente a partir de 1994, preservando a expectativa de reparação e punição dos envolvidos nas transações impatrióticas;

c) melhoria das condições de vida da população brasileira, garantindo-lhe o bem estar a que tem direito, através da oferta de empregos e de serviços básicos, resguardando-se os padrões de qualidade e suficiência compatíveis com uma sobrevivência digna.
Sem dúvida, os ítens a) e c) são, aparentemente, indiscutíveis. O item b) corre por conta do articulista. Se, por um lado, eu concordo que houve mais um processo de "privadização" do que de "privatização", por outro, só um cego deixaria de perceber que grande parte desse "patrimônio nacional" não tem nada a ver com Governo.

E por que a ressalva de "aparentemente" que eu fiz à indiscutibilidade dos outros itens? Comecemos pelo terceiro: blá, blá, blá e discurso de palanque. Isso é o que em bom jargão da ESG (Escola Superior de Guerra) se chama de "Objetivo Nacional Permanente". Qualquer governo, de qualquer matiz político, quer isso. O articulista limita-se a exigir o "direito", sem dizer como fazê-lo. É esse tipo de discurso populista vazio que a choldra do PT fazia, enquanto estava na oposição. Pode crer que você vai achar esse trecho no programa de todos os partidos políticos, dos Integralistas até o Partido Surrealista Exaltado...

(Puxa, como dá trabalho chegar ao assunto a partir de uma demagogia esquerdista...) Chegamos, então, ao ponto que eu considero crucial: a educação. Essa, sem dúvida alguma, é fundamental para o desenvolvimento de qualquer nação. Mas, analisemos com cuidado o que propõe o articulista: "democratização da educação através da melhoria, manutenção e ampliação do ensino público e gratuito em todos os níveis".

Eu já começo discordando, quando constato que a educação pré-escolar só começou a ser cogitada pela Proposta de Emenda Constitucional de autoria da Senadora Heloisa Helena (que foi banida do PT por se recusar a aceitar o FMeIrelles na presidência do Banco Central). Então, está faltando o termo "implantação" no elenco de medidas propostas. E continuo discordando quanto à ordem de prioridade dos níveis da educação. Em meu entender, há que se cuidar, primeiro, da pré-escola, que é fundamental para a formação da mentalidade dos cidadãos e que tem sido sistematicamente negligenciada até agora.

Em segundo lugar, há uma urgente necessidade de melhorar e ampliar a Educação Básica. A verdade é que o aluno do ensino fundamental entra analfabeto por uma porta e sai "analfabeto funcional" pela outra. Nem poderia ser de outra forma. Só dois tipos de pessoa vão ser professor de ensino fundamental: os que fazem de sua profissão um sacerdócio e aqueles que não conseguiram, sequer, uma vaga de operador de tele-marketing. Como os primeiros são extremamente raros, percebe-se que a qualidade dos professores não é lá essas coisas... E, como eu já abordei no artigo "Reaprendendo a Ensinar", há que repensar todo o conteúdo do Ensino Fundamental.

Dito isto, facilmente chegaremos à conclusão de que, sem realmente democratizar, melhorar e ampliar o Ensino Fundamental (e, para isso, a pré-escola é imprescindível), a última prioridade é exatamente a do Ensino Superior, exatamente a Universidade Pública, tão cara ao articulista e a tantos que se iludem com uma grande "produção" de bacharéis e tecnólogos, nas mais diversas especialidades, como se diploma fosse atestado de competência. Eu já disse e torno a repetir: Se o Conselho Federal de Medicina fizesse uma "prova de suficiência", tal como o faz a Ordem dos Advogados do Brasil, os resultados seriam (para não ser alarmista) alarmantes.

Eu ficaria muito mais contente se o presidente anunciasse a criação de um CEFET no ABC... E se a "elite intelectual de esquerda" abandonasse os velhos bordões do tempo que o (com perdão dá má lembrança) José Dirceu era presidente da UNE...




Um comentário:

Anônimo disse...

Óia eu de novo...
Bom... vou dizer uma coisa... em mais ou menos agosto do ano passado, eu estava na dúvida entre colocar ou não minha filha (que ainda ia completar 2 anos em novembro) numa "escolinha"... Decidi por colocá-la na escola, com a principal finalidade de incentivá-la no aprendizado de conviver com outras crianças, aprender a se defender, etc, muito mais do que pelo "ensino" (afinal, crianças de 2 anos PODEM, mas normalmente não aprendem muita coisa nas "escolinhas" - esse era o meu pensamento)... A corroborar a minha decisão, passou no Globo Repórter, se não me engano, uma matéria sobre "crianças que frequentam a pré-escola vão à universidade"... dizendo que crianças que começam a ir à escola aos 7 anos, na primeira série, têm a grande tendência de não "terminar os estudos"... Tive alguns meses de discussões bem desgastantes com o pai da Isadora, pois ele, em sua visão de ensino público, dizia que: uma creche faz o mesmo efeito; que ela era muito pequena pra frequentar a escola; que ele não ia arcar com a educação dela pois era contra. (João, não se espante... eu consegui, dentre muitos espertos, o mais limitado deles! - É um "dom" que eu tenho...rs)... Até conseguir explicar pra ele (sem convencê-lo) que uma creche ensina a brincar e pegar piolhos e que na escolinha ela teria outras atividades (judô, educação artística, inglês) e começaria a aprender, já quando completasse 3 anos, a ler, escrever e algumas regras bem simples de matemática, eu levei tempo... e sei, hoje, que gastei muita saliva... Ele se recusa a dar R$100 a mais por mês, pq acha que esse valor é metade da mensalidade... Ou seja, eu ando sentindo na minha "cútis de patricinha" os efeitos da má-formação que o ensino público dá... Por ele, ela estaria na creche e seguiria todo seu curso na rede pública... e isso, pra mim, é um ultrage!... Estudei em 2 das melhores escolas de São Paulo (sim, particulares), fiz inglês, natação, ballet, jazz, hipismo, basquete (não que essas coisas todas tenham melhorado minha essência, mas...rs)... E creio que é a melhor forma de se educar uma criança hoje em dia... Então, eu sou da política que, mesmo não podendo bancar atividades extra-curriculares pra minha filha, pelo menos em boa escola particular ela vai estudar... Nem que eu trabalhe só pra pagar a mensalidade...
Escola pública não ensina cidadania... escola pública não ensina muitas coisas que fazem parte de um mundo razoavelmente ético, razoavelmente moralizado... O ensino público não se preocupa com "valores morais" e, pra um filho meu passar por isso, é melhor ele não nascer!...
Agora vou parar de falar, pois poderia estabelecer diversos termos de comparação aqui que acabariam por ofender pessoas que não iam CONSEGUIR se defender nos mesmos moldes... Beijos.