31 agosto 2007

Oceanos tóxicos?

Extraído do EurekAlert:

University of Wisconsin - Milwaukee

Quando os bivalves dominavam o mundo

Paleobiologista estuda como o nível elevado de CO2 afetou a vida marinha primitiva



Margaret Fraiser, professora assistente de geociências na UW-Milwaukee, exibe fósseis dos poucos sobreviventes da extinção em massa Permiano-Triássico, a maior da história da Terra.


Antes da pior extinção em massa da vida na história da Terra – a 252 milhões de anos – a vida oceânica era diversa e organismos semelhantes às ostras, chamados braquípodes, dominavam. Depois da calamidade, quando pouca coisa mais existia, um tipo diferente de organismo semelhante à ostra, chamado bivalve, passou a dominar.

O que os destinos diferentes desses dois invertebrados podem contar aos cientistas acerca de sobrevivência a um evento de extinção em massa?

Muito, diz a paleoecologista da UWM Margaret Fraiser. Sua pesquisa sobre esta questão particular não só responde esta questão; ela também apoia uma teoria relativamente nova para a causa da extinção em massa que ocorreu quando o Período Permiano terminou e começou o Período Triássico: oceanos tóxicos criados por um excesso de dióxido de Carbono (CO2) atmosférico.

A teoria é importante porque pode auxiliar os cientistas a prever o que aconteceria nos oceanos durante um "evento CO2" moderno. E poderia dar-lhes uma idéia de quanto seria o tempo necessário para a recuperação.

O estudo da recuperação da ecologia é igualmente significativo, afirma Fraiser. A evolução das espécies sobreviventes na seqüência da extinção em massa, estabelece o cenário para a evolução dos dinossauros no final do Triássico.

Dos registros fósseis a céu aberto aos subaquáticos, tudo sugere que o trauma nos oceanos realmente começou no ar.

“As estimativas do CO2 na atmosfera de então ficam entre seis a 10 vezes mais do que a atual”, afirma Fraiser, uma professora assistente de geociencias. Faz sentido, diz ela. A maior erupção vulcânica contínua da Terra – conhecida como as “Armadilhas Siberianas” – estiveram exalando CO2 por cerca de um milhão de anos antes da extinção em massa Permiano-Triássica.



A escala de tempo mostra o intervalo de tempo entre a extinção em massa Permiano-Triássica e a menos grave extinção em massa que eliminou os dinossauros.


A extinção Permiano-Triássica varreu 70 por cento da vida na terra e perto de 95 por cento no oceano – quase tudo exceto os bivalves e um pequeno número de gastrópodes (caracóis).

O C02 é um gás de efeito estufa que influencia as temperaturas globais. Porém, afirma Fraiser, de acordo com o registro fóssil, altos níveis de C02 e os correspondentes baixos níveis de Oxigênio causam muito mais do que isso.

A hipótese se desdobra da seguinte maneira: Altos níveis de CO2 aumentariam as temperaturas, resultando em um aquecimento global em larga escala. Sem água fria nos Polos, a circulação oceânica teria estagnado. Os oceanos teriam se tornado pobres em Oxigênio, matando a vida nas águas mais profundas onde não havia a oportunidade para a água se misturar com o pouco Oxigênio restante na atmosfera.

Mais Dióxido de Carbono teria sido criado, à medida em que formas de vida iam morrendo e os micróbios os fossem decompondo, o que, por sua vez, teria criado o venenoso Sulfeto de Hidrogênio. Os oceanos teriam se tornado um coquetel inabitável.

Acompanhamento do CO2

De fato, muitos eventos de CO2 ocorreram na escala de tempo geológica e eles, literalmente, deixaram sua marca.

“Pode-se ver onde as rochas se tornam escuras”, diz Fraiser, apontando as camadas multicoloridas em uma amostra fóssil do período. “Isto é uma indicação de baixos níveis de Oxigênio na época. Estes são de locais que estavam submersos no início do Período Triássico”.

Fraiser, que acabou de concluir seu primeiro ano na UWM, é titular de uma de várias novas cadeiras de geociências e seu emergente programa de paleobiologia.

Ela coletou amostras fósseis dos sobreviventes do período nos locais onde hoje são a China, Japão, Itália e o Oeste dos Estados Unidos. As semelhanças entre os fósseis de todos esses lugares foi surpreendente.

“É algo inesperado ver isso”, afirma Fraiser. “Parece que esses bivalves e gastrópodos foram os únicos sobreviventes em todo o mundo”.

Eles possuíam todas as características certas para tolerar a falta de Oxigênio, diz ela. Eles eram pequenos habitantes de águas rasas, com um alto metabolismo e formato chato que lhes permitia se espalharem para extrair mais do limitado Oxigênio quando se alimentavam.

As condições tóxicas também inibiam a vida marinha em produzir conchas. O tamanho, de repente, tornou-se significativo para os moluscos e somente os muito pequenos sobreviveram, erodindo a cadeia alimentar marinha.

Recuperação ultra lenta

À medida em que organiza os registros rochosos de logo após a extinção em massa Permiano-Triássica, Fraiser também desenterrou indícios que explicam porque levou tanto tempo para a vida se recuperar. A resposta parece ser mais do mesmo: os níveis de CO2 permaneceram altos por muito tempo após a matança inicial.

“ Após outros eventos de extinção em massa na Terra, a vida ressurgiu dentro de 100.000 a um milhão de anos”, diz ela. “Mas com a extinção em massa Permiano-Triássica, nós não vemos uma recuperação por 5 milhões de anos. Existe uma complexidade e diversidade ecológica muito baixa por todo este tempo”.

Outro aspecto intrigante deste intervalo da história da Terra, diz Frasier, é que, de acordo com o registro das rochas do Triassico, ele foi limitado por dois eventos de CO2.

O primeiro foi o desaparecimento dos recifes de coral. “Esta falta acionou o alarme”, diz ela. “Isso era o que indicava que os níveis de C02 estavam elevados”.

No final, grandes comunidades de bivalves prevaleceram em números tão grandes que eles formaram seus próprios recifes.

O mapeamento de Fraiser do “efeito dominó” do CO2 na vida marinha do Triássico inicial tem valor para o estudo científico das alterações climáticas atuais, afirma o Professor de Geologia da UWM John Isbell.

“O sitema da Terra não se importa de onde vem o CO2”, diz Isbell. “Ele vai responder da mesma maneira”.

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Precisa acrescentar algo?... Talvez apenas que já se está observando um "branqueamento" na Grande Barreira de Coral da Austrália...

Atualizando a matéria em 07/09/2007:

Por favor, consultem o artigo "O fim de (minha) igenuidade ambiental da Lúcia Malla. Principalmente a seçâo dos comentários.

2 comentários:

Lucia Malla disse...

João, eu deixei um comentário aqui no seu post antes e ele ainda não apareceu... vc recebeu?

João Carlos disse...

Não, Lúcia...

Por algum motivo arcano que só o Google conhece, eu não fui notificado de qualquer comentário sobre esta matéria.