27 julho 2008

Pantanal e outras áreas úmidas

Quando o assunto é preservação ambiental, geralmente todos pensam imediatamente na Amazônia. E se esquecem de outra área tão ou mais importante: o Pantanal.

Nesta sexta feira, 25 de julho, encerrou-se a 8ª INTECOL, Conferência Internacional de Áreas Úmidas, realizada em Cuiabá, sob os auspícios da UFMT e do Centro de Pesquisa do Pantanal. Uma das preocupações dos 28 países participantes é o avanço das fronteiras agrícolas sobre áreas úmidas que vão desde o Pantanal aos manguezais e deltas de rios.

O evento mereceu destaque no EurekAlert, na notícia "Rising energy, food prices major threats to wetlands as farmers eye new areas for crops" ("Crescentes preços de energia e alimentos são grandes ameaças para as áreas alagadas, na medida em que os agricultores procuram novas áreas de plantio").

Desta 8ª INTECOL saiu a "Carta de Cuiabá", que é um documento digno de nota.

Eu que vivi por cinco anos na área do Pantanal (quando servi na Base Fluvial de Ladário, MS) conheço razoavelmente bem a região e sei o quanto ela já sofreu apenas com uma pecuária rudimentar (a atividade, assim chamada, "plantar boi"...) e a caça e pesca desregulamentadas. Na hora em que o tão decantado "agronegócio" resolver avançar sobre a região (como os americanos fizeram com os "Everglades" da Flórida), vai ser mais uma catástrofe ambiental.

E não dá para confiar muito em um governo (federal) que acha que uma termoelétrica a carvão não vai produzir grandes problemas ambientais (vejam esta matéria do Ciência e Idéias). Muito menos em tipos como o Governador Blairo Maggi...

Começo a achar que a Isis tem razão quando diz que Desenvolvimento sustentável não existe...

3 comentários:

Maria Guimarães disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Maria Guimarães disse...

fico de cabelos em pé toda vez que vejo falar em preservar as florestas brasileiras - o que se restringe à amazônia. cerrado e pantanal são fronteiras agrícolas e de desenvolvimento. a caatinga, nem isso...
veja essa entrevista: http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=3592&bd=1&pg=1&lg=

João Carlos disse...

Eu não sei se você viu meu comentário no Blog da Isis, mas eu temo muito por conta do ritmo que se quer impor ao "desenvolvimento"...

O público em geral não faz a mínima idéia do que é um trabalho de recuperação de uma área devastada. Eu tenho uma experiência particularmente frustrante de tentativa de recuperação de Mata Atlântica em uma ilha que foi exaurida por cana de açúcar (e olha que tinha o Jardim Botânico do Rio dando o apoio técnico). Eu só fico imaginando os danos que já causaram ao cerrado.

E há mais um fator complicador nesta equação: a matriz do sistema de transporte no Brasil é um absurdo total (no dia que alguém conseguir me explicar por que era mais barato - e, obviamente, mais rápido - enviar coisas por avião do Rio de Janeiro para Corumbá, do que por via feroviária, eu vou agradecer!... Mas era essa a situação em 1981/86 e, que me conste, nada mudou...)

Agora me inventaram essa de "Amazônia Azul"!... Eu só fico imaginando o tamanho das asneiras que vão fazer com ela!...