12 agosto 2008

Mais más notícias sobre a Calota Polar Norte

E, quando você pensa que as coisas já vão mal, aparece uma notícia de que é pior ainda do que se pensava...

O The Observer de de domingo passado (10/08/2008) publicou uma que me deixou arrepiado... O Derretimento do Ártico está se acelerando (matéria assinada por Robin McKie, Editor de Ciências).

O subtítulo é assustador: “Cientistas alertam que o Polo Norte pode ficar sem gelo em apenas cinco anos, em lugar de 60”.

O caso é que as imagens de satélite estão mostrando um fenômeno que, até agora, não tinha entrado nos cômputos: as camadas de gelo começaram a se desintegrar “dramaticamente” (é o termo empregado no original) porque tempestades sobre o Mar de Beaufort no Alaska começaram a sugar correntes de ar quente para o Ártico. Um dos resultados possíveis é que a diminuição da Calota Polar Norte supere a do ano passado.

“É uma corrida cabeça-com-cabeça entre 2007 e este ano, na questão de perda de gelo”, declarou Mark Serreze, do US National Snow and Ice Data Centre em Boulder, Colorado.“Nós pensávamos que a Calota Polar do Ártico poderia se recuperar, depois do recorde do ano passado – e, realmente, até o mês passado o quadro não parecia muito ruim. A Calota estava significativamente abaixo do normal, mas, pelo menos, estava maior do que no ano passado”.

“Mas as tempestades no Mar de Beaufort iniciaram um processo de grande derretimento de gelo e, agora, parece que vai ser uma diferença mínima entre se 2007 ou 2008 vai ser o recordista na menor Calota Polar. Só vamos ficar sabendo quando a Calota chegar ao ponto crítico, nos meados de setembro”.


Nem precisa dizer que isso terá enormes impactos sobre o meio ambiente... O editor começa por mencionar as tempestades que devem varrer a Grã-Bretanha, mas prossegue falando das espécies, tais como ursos polares e focas que se servem do gelo para repousar durante suas caçadas. Ele observa que diversas faixas costeiras deixarão de estar protegidas pelo gelo e sofrerão erosão (que, segundo ele, já está acontecendo no Alaska).

E o tom se tona ainda mais sombrio, quando ele lembra que, sem a Calota de gelo sobre o mar para servir de reforço, o gelo “terrestre” – que inclui as geleiras – pode mergulhar no oceano e elevar o nível dos mares, ameaçando muitas áreas de baixa altitude, tais como Bangladesh e vários arquipélagos do Pacífico. E, ainda lembra: “Sem a camada reflexiva de gelo no Ártico, menos radiação solar vai ser mandada de volta ao espaço, o que deve acelerar o processo de aquecimento global”.

A maior preocupação, diz o editor, é o temor que as águas liberadas pela Calota em derretimento, causem alterações na Corrente do Golfo, enquanto que um Ártico sem gelo durante o verão dê novas oportunidades para a exploração de petróleo e gás – e as conseqüentes disputas sobre soberania sobre as novas áreas de prospecção.

O que realmente perturba os cientistas, entretanto, é sua incapacidade de prever precisamente o que está acontecendo no Ártico, a parte do mundo mais vulnerável aos efeitos do aquecimento global. “Quando fizemos os primeiros modelos informáticos dos efeitos das mudanças climáticas, nós pesávamos que a Calota Polar Norte fosse durar até 2070”, declarou o Professor Peter Wadhams da Universidade de Cambridge. “Agora ficou claro que nós não tínhamos entendido o quão fina essa calota tinha ficado – porque a Calota do Ártico está desaparecendo cada vez mais rápido. A cada poucos anos temos que rever nossas estimativas para baixo. Agora, os modelos mais detalhados sugerem que a Calota do Ártico no verão só vai durar mais uns poucos anos – e, pelo que vimos acontecer na semana passada, eu acho que eles provavelmente estão corretos”.

O principal desses estudos sobre a Calota Polar foi realizado a alguns meses atrás pelo Professor Wieslaw Maslowski da Naval Postgraduate School em Monterey, Califórnia. Usando os supercomputadores da marinha americana, esta equipe fez uma previsão que indica que, por volta de 2013 não haverá mais gelo no Ártico – pouco mais do que uns restos em ilhas próximas da Groenlândia e do Canadá – entre meados de julho e meados de setembro.


Maslowski enfatiza que ficou claro que o gelo não está conseguindo se recuperar durante o inverno e teme que a Calota Polar desapareça em cinco anos, com todas as conseqüências que isto acarreta. E Serreze acrescenta que o gelo está derretendo mais depressa do que os cientistas conseguem atualizar seus modelos informáticos, para entender o que está acontecendo.

Parece que todas as previsões sobre o aquecimento global eram demasiadamente otimistas e que o filme "O Dia Depois de Amanhã" não era tão pessimista assim... (Eu só não acredito no happy-ending mostrado, com os sobreviventes do Hemisfério Norte sendo alegremente acolhidos pelos países da Zona Equatorial... De onde vão tirar comida para esse povo todo?...)


Um comentário:

Somel Serip disse...

João Carlos, olá!
É prenuncio do fim do capitalismo!!!Que tem como fundamento o capital de giro , desprezando a economia da energia ou , seja , aproveitar ao máximo os bens existentes.
Abraços à todos!
Somel Serip
somelserip@gmail.com