O Boletim de Notícias da Física do Instituto Americano de Física, número 845, de 2 de novembro de 2007 por Phillip F. Schewe PHYSICS NEWS UPDATE
DUNAS MARCIANAS NÃO TÊM PRESSA: elas precisam de 1000 anos para viajarem uns poucos metros. Esta é a conclusão de um novo estudo que tenta simular a estrutura observada das dunas no planeta vermelho e estabelecer se as condições presentes podem ter sido as responsáveis.
Na Terra, uma duna de areia é modelada pelo vento e pela água. Em Marte, não parece haver qualquer movimento de águas na superfície (ao menos, nenhum que seja capaz de moldar dunas) e, em se tratando de vento, também não há muito. Com uma atmosfera com apenas 1/100 da densidade da terrestre, a velocidade do vento em Marte teria que ser considerável para fazer a areia sair do lugar.
Eric Parteli da Universitaet Stuttgart, na Alemanha, e seu colega Hans Herrmann da Universidade Federal do Ceará, no Brasil, calculam que, em Marte (onde a gravidade tem somente 1/3 da força da terrestre), uma duna com uma altura de 1 metro precisaria de um vento com a velocidade de 35 m/seg (aproximadamente 75 mph [e exatamente 126 km/h]) para sofrer um movimento apreciável. Uma tal velocidade só ocorre poucas vezes a cada década, donde o passo glacial das dunas de Marte.
Sua descoberta mais surpreendente, declarou Parteli, vem de seu estudo de dunas de areia bimodais, as que apresentam indícios de serem moldadas por ventos em duas direções perpendiculares. Eles deduziram um período para a mudança dos ventos em Marte de 50.000 anos (o tempo que leva para o vento girar em 90°), aproximadamente o mesmo período de precessão do eixo de Marte. (Physical Review , Outubro de 2007; mais informações em http://www.icp.uni-stuttgart.de/~hans/dunes.html )
LÍQUIDOS GRANULARES COM TENSÃO SUPERFICIAL ZERO. Novas experiências com grãos de vidro esféricos mostram que o comportamento líquido pode surgir simplesmente de rápidas colisões entre uma corrente suficientemente densa de partículas.
A experiência foi realizada por Xiang Cheng, Heinrich Jaeger e Sidney Nagel, e seus colegas na University of Chicago, experts a descoberta de novos efeitos com materiais granulares (ver PNU nº 725, matéria 3 e PNU nº 759, matéria 2).
Se um ou dois grãos forem deixados cair por sobre uma superfície horizontal, eles vão resvalar de volta na direção de onde vieram. Entretanto, se muitos grãos forem deixados cair a uma — criando uma densa corrente granular que atinge um alvo — acontece, então, outra coisa: os grãos se defletem lateralmente na forma de uma lâmina simétrica ou cone extremamente fino, como se fossem um líquido. De fato, as experiências usando material granular reproduzem os resultados obtidos com corrente de água. Entretanto, com os grãos, o "líquido" é um no limite do desaparecimento da tensão superficial. (Para assegurar que não houvesse coesão entre os grãos, cujo tamanho varia de 50 mícrons a 2 milímetros, eles foram cozidos em um forno a vácuo, antecipadamente, para evaporar qualquer umidade residual). Durante o pequeno intervalo de tempo em que os grãos dentro do fluxo colidem entre si na frente do alvo, é criada uma condição semelhante aos líquidos, cuja conseqüência observável é a formação de finas lâminas.
Este novo estado líquido com tensão superficial nula, acreditam os experimentadores, pode ser de interesse para os físicos no Relativistic Heavy Ion Collider (RHIC), onde núcleos pesados que colidem em altas energias, formam um plasma de quarks e glúons que também parece um líquido (ver PNU nº 728, matéria 1). De maneira intrigante, o padrão de colisão produzido pelo inteiramente clássico e macroscópico líquido granular, pode ser igualado ao produzido pelo plasma de quarks e glúons. (Cheng et al., Physical Review Letters, 2 de novembro de 2007)
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PHYSICS NEWS UPDATE é um resumo de notícias sobre física que aparecem em convenções de física, publicações de física e outras fontes de notícias. É fornecida de graça, como um meio de disseminar informações acerca da física e dos físicos. Por isso, sinta-se à vontade para publicá-la, se quiser, onde outros possam ler, desde que conceda o crédito ao AIP (American Institute of Physics = Instituto Americano de Física). O boletim Physics News Update é publicado, mais ou menos, uma vez por semana.
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Como divulgado no numero anterior, este boletim é traduzido por um curioso, com um domínio apenas razoável de inglês e menos ainda de física. Correções são bem-vindas.
DUNAS MARCIANAS NÃO TÊM PRESSA: elas precisam de 1000 anos para viajarem uns poucos metros. Esta é a conclusão de um novo estudo que tenta simular a estrutura observada das dunas no planeta vermelho e estabelecer se as condições presentes podem ter sido as responsáveis.
Na Terra, uma duna de areia é modelada pelo vento e pela água. Em Marte, não parece haver qualquer movimento de águas na superfície (ao menos, nenhum que seja capaz de moldar dunas) e, em se tratando de vento, também não há muito. Com uma atmosfera com apenas 1/100 da densidade da terrestre, a velocidade do vento em Marte teria que ser considerável para fazer a areia sair do lugar.
Eric Parteli da Universitaet Stuttgart, na Alemanha, e seu colega Hans Herrmann da Universidade Federal do Ceará, no Brasil, calculam que, em Marte (onde a gravidade tem somente 1/3 da força da terrestre), uma duna com uma altura de 1 metro precisaria de um vento com a velocidade de 35 m/seg (aproximadamente 75 mph [e exatamente 126 km/h]) para sofrer um movimento apreciável. Uma tal velocidade só ocorre poucas vezes a cada década, donde o passo glacial das dunas de Marte.
Sua descoberta mais surpreendente, declarou Parteli, vem de seu estudo de dunas de areia bimodais, as que apresentam indícios de serem moldadas por ventos em duas direções perpendiculares. Eles deduziram um período para a mudança dos ventos em Marte de 50.000 anos (o tempo que leva para o vento girar em 90°), aproximadamente o mesmo período de precessão do eixo de Marte. (Physical Review , Outubro de 2007; mais informações em http://www.icp.uni-stuttgart
LÍQUIDOS GRANULARES COM TENSÃO SUPERFICIAL ZERO. Novas experiências com grãos de vidro esféricos mostram que o comportamento líquido pode surgir simplesmente de rápidas colisões entre uma corrente suficientemente densa de partículas.
A experiência foi realizada por Xiang Cheng, Heinrich Jaeger e Sidney Nagel, e seus colegas na University of Chicago, experts a descoberta de novos efeitos com materiais granulares (ver PNU nº 725, matéria 3 e PNU nº 759, matéria 2).
Se um ou dois grãos forem deixados cair por sobre uma superfície horizontal, eles vão resvalar de volta na direção de onde vieram. Entretanto, se muitos grãos forem deixados cair a uma — criando uma densa corrente granular que atinge um alvo — acontece, então, outra coisa: os grãos se defletem lateralmente na forma de uma lâmina simétrica ou cone extremamente fino, como se fossem um líquido. De fato, as experiências usando material granular reproduzem os resultados obtidos com corrente de água. Entretanto, com os grãos, o "líquido" é um no limite do desaparecimento da tensão superficial. (Para assegurar que não houvesse coesão entre os grãos, cujo tamanho varia de 50 mícrons a 2 milímetros, eles foram cozidos em um forno a vácuo, antecipadamente, para evaporar qualquer umidade residual). Durante o pequeno intervalo de tempo em que os grãos dentro do fluxo colidem entre si na frente do alvo, é criada uma condição semelhante aos líquidos, cuja conseqüência observável é a formação de finas lâminas.
Este novo estado líquido com tensão superficial nula, acreditam os experimentadores, pode ser de interesse para os físicos no Relativistic Heavy Ion Collider (RHIC), onde núcleos pesados que colidem em altas energias, formam um plasma de quarks e glúons que também parece um líquido (ver PNU nº 728, matéria 1). De maneira intrigante, o padrão de colisão produzido pelo inteiramente clássico e macroscópico líquido granular, pode ser igualado ao produzido pelo plasma de quarks e glúons. (Cheng et al., Physical Review Letters, 2 de novembro de 2007)
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PHYSICS NEWS UPDATE é um resumo de notícias sobre física que aparecem em convenções de física, publicações de física e outras fontes de notícias. É fornecida de graça, como um meio de disseminar informações acerca da física e dos físicos. Por isso, sinta-se à vontade para publicá-la, se quiser, onde outros possam ler, desde que conceda o crédito ao AIP (American Institute of Physics = Instituto Americano de Física). O boletim Physics News Update é publicado, mais ou menos, uma vez por semana.
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Como divulgado no numero anterior, este boletim é traduzido por um curioso, com um domínio apenas razoável de inglês e menos ainda de física. Correções são bem-vindas.
Um comentário:
Dica de divulgação. Saiu uma matéria sobre as dunas marcianas na revista Pesquisa de maio.
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